Revista mensual de publicación en Internet
Número 76º - Mayo 2.006


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MÉTODO INTERDISCIPLINAR DE LITERACIA MUSICAL,
EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO ARTÍSTICA

Por el Prof. Doctor Levi leonido Fernandes da Silva. Departamento de Artes e Ofícios. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro  Área de estudos Musicias e metodologias activas do ensino de música.

          O MILMESA (Método Interdisciplinar de Literacia Musical, Educação e Sensibilização Artística[1]) é, em suma, direccionado ao ensino artístico no ensino superior, com o intuito de interligar efectivamente e na prática as quatros expressões artísticas (Musical, Plástica, Motora e Dramática). As 129 PM’s (PM’s)[2] a seguir mencionadas, que são a base do MILMESA, estão comummente ligadas às disciplinas de Expressão Musical I, Expressão Musical II e Metodologia das Expressões[3] (Musical, Plástica e Dramática), todas elas abordadas numa perspectiva interdisciplinar no campo das expressões. Estas disciplinas de índole artística foram (e são) ministradas na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) nas licenciaturas em Educação de Infância, Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico (ensino generalista) e em Teatro e Artes Performativas (ensino artístico).

          As PM’s têm as seguintes características: 1) Grande parte das PM’s do MILMESA são apresentadas publicamente. Como forma de prepararmos os discentes a enfrentarem futuros públicos e a perceberem todas as etapas do processo na criação artística. 2) As PM’s são uma preparação, acompanhada de uma iniciação musical, para que futuramente seja mais fácil o caminho para o aperfeiçoamento artístico; 3) Todas as PM’s são idealizadas, preparadas e executadas em períodos lectivos (sala de aula ou espaços alternativos) para que de forma directa e indirecta o conhecimento de como se faz e o que é preciso para se fazer, seja um processo presencial e comungado por todos; 4) Todas as PM’s têm um cunho pessoal do docente, pois retratam parte significativa do trabalho que desenvolvemos ao longo de uma década de leccionação, na incessante procura de soluções para facilitar o acesso de todos à música e às artes em geral, ao mesmo tempo o discente participa amplamente, na criação, elaboração, aperfeiçoamento e conclusão de todas elas. Trata-se de um processo de criação colectiva pleno de participação variada e temporalmente definida (o prazo de execução de cada PM varia entre 30 minutos e um semestre); 5) Todas as PM’s têm como finalidade última, a melhoria e aperfeiçoamento das capacidades do discente (neste caso futuros professores, educadores ou actores) em termos teóricos e práticos nas áreas das expressões artísticas, bem como do docente no melhoramento da sua prestação e performance pedagógico-didáctica. Mas esse objectivo só será plenamente atingido, quando os discentes já estiverem no terreno da educação com a alta responsabilidade de leccionar. Ou seja, são propostas que se caracterizam por ter resultados, por um lado a curto prazo (apresentações públicas: exposições e espectáculos etc.), mas por outro a longo prazo. Este trabalho é direccionado a futuros profissionais da educação, ou seja, a adultos em formação superior, os quais devemos formar para a vida e para a profissão. Os profissionais que formamos devem saber fazer um pouco de tudo, ou seja, achamos que cada vez mais precisamos de docentes ou actores generalistas, em detrimento de actores ou docentes somente especialistas… um género de médico (docente ou actor) de clínica geral; 6) As PM’s são painéis, a murais, esculturas, jogos, livros, espectáculos de teatro musical, colóquios, congressos, construção de cenários, textos originais, instrumentos com matérias reutilizáveis, recriação de ambientes etc; 7) As PM’s são levadas a cabo por discentes universitários e do ensino básico (2º Ciclo), docentes (UTAD e Diogo Cão) e reclusos (EPRVR) e todas elas são de elaboração própria (122), excepto algumas delas (7) que, sem serem cópias de outras propostas, foram devidamente adaptadas aos objectivos e aos conteúdos que pretendemos desenvolver ou aprimorar nas disciplinas que leccionamos.

          Muitas das propostas, foram uma surpresa, sendo que superaram todas as expectativas e previsões de envolvimento e de gosto quer por parte de quem desenvolve o trabalho, quer de quem assiste ao espectáculo que preparamos para eles. Noutras situações, essa superação não existiu, pois surgiram alguns problemas ou de comunicação ou simplesmente de motivação. Também existem estes momentos menos bons neste ou em qualquer outro ofício.

          As propostas seguidamente apresentadas, foram efectivamente seleccionadas segundo dois critérios distintos: a qualidade e a diversidade.

As PM’s (actividades adstritas ao Método MILMESA), são essencialmente constituídas e orientadas para as seguintes áreas ou domínios:

1) Desenvolvimento de aptidões pessoais e artísticas;

2) Inovação e Criatividade;

3) Interacção e sociabilidade;

4) Concentração e audição;

5) Ritmo, repetição e movimento;

6) Expressão e Improvisação.

Outros intentos a que se destina o MILMESA, são irreversivelmente os de tentar integrar as diferentes áreas artísticas, nomeadamente a Musical, Plástica e Corporal (inclui a dramática[4]). Este tipo de método interdisciplinar, como o nome indica, é ramificado em relação às áreas artísticas, assim como também o é em relação a outras áreas do saber (perspectiva transdisciplinar), mas, acima de tudo pretende conferir ao discente capacidades artísticas básicas para o desenvolvimento da sua prática futura enquanto docente ou artista. Se bem que todas as PM’s podem ser executadas a partir da Expressão Musical ou de uma das outras expressões artísticas, assim como a partir de um poema, uma conversa, uma notícia, um quadro, um objecto, uma sugestão ou um simples som do quotidiano. Não importa como, mas sim a forma como se integram as expressões em prole da produção artística assente invariavelmente na criação artística.

Pode no seu percurso educativo, o discente fortalecer a sua formação musical com um MAEM (método activo de ensino de música) como forma aprofundar os seus conhecimentos estritamente musicais (ensino de instrumento), assim como pode simplesmente usar esse conhecimento para preencher os seus horizontes artísticos de uma forma interdisciplinar e activa – formação artística integral. O esquema que passamos a mostrar dá disso conta, ou seja, explana a relação que pode haver entre o próprio MILMESA e outros métodos existentes nesta formação específica (MAEM):

 

 *Este esquema de acção educativa na área das artes em geral e, em particular da área musical, pode ser aplicado numa formação artística de base, assim como em cursos generalistas com formação artística. Evidentemente que será sempre uma questão de adaptação dos conteúdos e dos mais diversos interesses, os da escola, dos docentes e dos discentes, assim como os dos pais e comunidades escolares e extra-escolares.

           Passamos a demonstrar uma outra forma de encarar o MILMESA, numa vertente mais específica no que concerne a este método:

 

 

 

 


         

          O MILMESA tem como principais objectivos desenvolver as seguintes áreas e capacidades:

1) Desenvolver capacidades gerais e artísticas de forma interdisciplinar a partir das Expressões Artísticas: Musical, Plástica, Motora e Dramática;

2) Promover o jogo e o aspecto lúdico na educação;

3) Desenvolver a noção, conceito e a consecução da Literacia Artística;

4) Promover um amplo sentido de desenvoltura pessoal e social, artística e educativa através da sensibilização artística em geral;

 5) Criar laços ou elos de ligação entre as artes e outras áreas do saber de forma transdisciplinar;

6) Dar a importância devida à prática como forma de chegar à teoria: Ou seja, primeiro praticar e depois teorizar;

7) Encarar o ensino de forma prazerosa e com intencional aplicação do lazer, para usufruto e vivenciação plenas das actividades e propostas apresentadas, como formas de hábeis de busca de saber;

8) Promover a participação e a criação colectiva como base de grande parte dos processos e produtos artísticos desenvolvidos por discentes e docentes e patamares de participação igualitária;

9) Desenvolver capacidades interventiva na educação e no meio em que se insere a educação ou a acção educativa;

10) Desenvolver todo um espírito de respeito pelo próximo e pelas suas diferenças, adstritas a todas as práticas democráticas e livres promovidas por este método interdisciplinar sem fronteiras.

          Como principais linhas orientadores, tem em conta as seguintes bases para a sua consecução plena:

1) Estabelecer uma ligação estreita entre docente, discente, instituições e outras pessoas que interajam no processo educativo;

2) Estabelecer e reforçar uma ligação efectiva entre a comunidade académica e a comunidade em geral, como forma de optimizar recursos humanos e materiais necessários à consecução de projectos participados e comuns.

3) Criar uma ligação mais próxima entre saberes, nomeadamente o do Ser e do Saber Ser e, principalmente o Saber Fazer;

4) Tornar os discentes gradualmente criativos e autónomos nesta área, assim como promover a sua auto-estima e, ao mesmo tempo, possam livremente desenvolver a sua própria forma de encarar a educação e as artes;

5) Fazer perceber que todo o processo educativo, as metodologias a usar, a criação e expressividade, assim como a imaginação e improvisação criadas e desenvolvidas no MILMESA só têm um limite, que é a nossa imaginação.

6) Promover as apresentações públicas dos trabalhos realizados, como forma de internamente se valorizar o processo e a criação, assim como, externamente promover os cursos, as instituições e as pessoas (criadores) que delas fazem parte.

          De referir, apenas como nota explicativa que, todas as actividades que constituem o MILMESA tiveram de uma forma directa ou indirecta a participação de todos os inquiridos (participantes), sendo que a caracterização que se faz dos participantes em cada actividade ou proposta metodológica, apenas e só se refere ao momento em que foram captadas imagens ou registados dados, para que tenhamos uma ideia dos grupos diversos que fazem parte de todo este processo. Ou seja, as turmas dada a sua extensão (entre 60 a 70 discentes por turma), por norma, são divididas em duas partes, portanto há actividades que são iniciadas numa parte e completadas noutra, sendo que em suma, estes contributos engrandecem o trabalho final de todos e enriquecem as respectivas apresentações públicas dos projectos, para além de em termos de processo serem acções mais complexas e ao mesmo tempo mais motivadoras em termos de conciliação e diversidade de propostas apresentadas pelos discentes.

          As razões principais que nos levaram a escolher e a desenvolver este estudo são, entre outras, as seguintes: 1) Falta de articulação entre disciplinas artísticas no seio da educação em Portugal (desde o pré-escolar ao ensino universitário). Facto que, em nosso entender, contraria toda a legislação afecta à prática interdisciplinar / transdisciplinar destas disciplinas e áreas de conteúdo, assim como as orientações curriculares, para além do não cumprimento das orientações dos próprios programas de cada ciclo de ensino; 2) Conseguir preparar um método que cumpra com os objectivos programados das disciplinas por nós leccionadas e, essencialmente propor a leccionação da disciplina de Metodologia das Expressões por um só docente com formação nas quatro áreas/ expressões artísticas; 3) Fundamentar ou sistematizar uma prática interdisciplinar das expressões já experimentada por nós ao longo de uma década de ensino.

          Concebemos lugares de destaque à edificação de uma visão interdisciplinar das artes, à real importância da música nos mais diversos ciclos de ensino ou etapas educativas, assim como abordamos alguns movimentos educativos relevantes no panorama geral, entre os quais: 1) A Musicoterapia; 2) A Educação pela Arte; 3) A Educação pela Paz; 4) A Escola e o Lazer; 5) A Educação pela Liberdade; 6) A Escola Cultural. Movimentos ou escolas que suportam teoricamente a nossa prática lectiva enquanto docente e ao longo da nossa carreira, a par dos conceitos retirados da arte, tais como: 1) A Criação e a Criatividade; 2) A Expressão e a Expressividade; 3) A Improvisação; 4) A Imaginação. Outros assuntos que abordamos, os quais se revestem de crucial importância para este estudo, uma vez que foi neles que buscamos e decidimos sobre o título da presente tese: 1) O Jogo e o aspecto lúdico na educação; 2) Uma visão interdisciplinar das expressões; 3) A Sensibilização Artística; 4) A Literacia Musical, 5) A Música na Infância; 6) A Inovação Pedagógica ou Educacional.

          Como fundamentos directos do MILMESA, abordamos os Métodos Activos de Ensino de Música mais inovadoras e mais importantes (Dalcroze, Orff, Kodály, Martenot, Willems, Susuki. Wuytack, Paynter, Swanwick e Schaffer) assim como os resultados práticos que obtiveram em termos globais, para além de em cada um deles, sempre que achássemos relevante, explanarmos mais pormenorizadamente os seguintes assuntos: 1) Dados biográficos; 2) Contexto histórico; 3) Pressupostos teóricos; 4) Principais linhas orientadoras (estrutura, objectivos e metas a atingir); 5) Difusão e divulgação; 6) Resultados práticos.

          A metodologia usada na parte empírica: Metodologia quantitativa não experimental ex post facto. Como procedimentos principais: definição de metodologia, objectivos, hipóteses, material e métodos[5], análise e discussão de resultados). Baseamo-nos inicialmente numa análise descritiva (frequências relativas e absolutas, moda, média, desvio padrão, mínimo, máximo, mediana, análise factorial de correspondências) e, posteriormente, assente numa análise inferencial (recorrendo ao teste Mann Whitney, teste Kuskal-Wallis, Teste Qui Quadrado e Teste Binomial). Caracterização geral da amostra: Partes de todos os grupos ou turmas de discentes que frequentaram as disciplinas de Expressão Musical e Metodologia das expressões (Musical, Plástica e Dramática) das Licenciaturas em Educação de Infância, Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e Teatro e Artes Performativas da UTAD, nos seguintes anos lectivos: 2002/2003; 2003/2004 e 2004/2005, num total de 350 discentes participantes e inquiridos. Com variáveis da investigação estabelecemos as seguintes: Variáveis de Independentes: 1) Idade, 2) Curso, 3) Sexo, 4) E.T.E., 5) Assiduidade, 6) Participação em actividades. Variáveis Dependentes: 1) Submissão a Exame Final; 2) Avaliação docente; 3) Avaliação Discente; 4) Avaliação das Disciplinas (Exp. Musical I, Exp. Musical II e Metodologia da Exp. Musical); 5) Catalogação das PM’s (actividades desenvolvidas); 6) Enquadramento das actividades em várias áreas; 7) PM’s para o Futuro Profissional dos Inquiridos; 8) Alterações às PM’s; 9) Alterações propostas às disciplinas; 10) Alterações ao MILMESA; 11) Tipo de Alterações a realizar no MILMESA; 12) Aplicação do MILMESA a outras realidades educativas; 13) Capacidades desenvolvidas pelas PM’s; 14) Transmissão de significados e conteúdos através do jogo; 15) Justificação da educação através do jogo; 16) MILMESA como uma mais-valia educacional.

         Ainda sobre a parte empírica e no que respeita à análise e tratamento de dados recorremos a dois softwares estatísticos, o SPSS 12.0 e a INFOSTAT 1.0.

          No que diz respeito à discussão dos resultados, temos referências dominadoras ou conclusões a que chegamos através do uso desta metodologia que são em traços gerais as seguintes:

          a) As opiniões sobre o MILMESA são coesas e homogéneas, dado que não revelam diferenças significativas, quando comparadas com a idade, o sexo, o curso, o E.T.E., assiduidade e participação nas actividades.

          b) A assiduidade é significativamente encorajadora, uma vez que representa esmagadoramente uma tendência do gosto pelas aulas/actividades mais práticas nestes cursos (generalistas e artísticos). Os dados são por si esclarecedores: 82% (287) não faltaram a nenhuma aula; 6% (21) faltaram a 1 aula; 4% (14) faltaram a duas aulas; 2% (7) faltaram a 3 aulas e 6% (21) a quatro aulas, ou seja, 287 dos 350 inquiridos nunca faltou e os restantes 63 (dos 350) faltaram dentro dos limites legais (podendo ser avaliados normalmente).

          c) A participação em actividades por discente inquirido é significativamente elevada (as actividades em que mais participou activamente). Ou seja: 62% (217) participou activamente em 7 actividades por semestre; 22% (77) em 6; 14% (49) em 5 e 2% (7) em quatro actividades por semestre.

          d) A avaliação que os discentes fizeram da prestação global docente é extremamente positiva, o que pode conferir um ânimo extra para a continuidade do MILMESA nas práticas lectivas da nossa docência. Sendo que 68,3% (239) dos inquiridos acha a prestação docente Muito Boa; 25,7% (90) como Boa e 6% (21) acha-a Satisfatória. Ou seja 329 dos 350 inquiridos classificam esta prestação docente como Boa ou Muito Boa. Não há uma resposta sequer que aponte para uma prestação docente fraca.

          e) A avaliação das três disciplinas em causa, são igualmente consideradas como muito boas, o que pode querer dizer que o seu funcionamento e os seus programas são considerados como adequados à prática das PM’s do MILMESA. De realçar neste ponto, a evolução favorável (gradual) da avaliação realizada em conformidade com a leccionação consecutiva das disciplinas:

DISCIPLINAS

CLASSIFICAÇÃO

Exp. Musical I

Exp. Musical II

Met. Expressão Musical

Muito Bom

56% (196)

68% (238)

88% (308)

Bom

38% (133)

28,9%(101)

12% (42)

Satisfatório

6% (21)

3,1% (11)

0%

Fraco

0%

0%

0%

          Existem três tendências: 1) O crescimento contínuo das opiniões de Muito Bom (de 56% para 88%); 2) O decréscimo contínuo das opiniões de Bom (de 38% para 12%), 3) A não existência de opiniões na classificação de Fraco (0% em todas as opções ou possibilidades).

          f) No que diz respeito à eleição por gosto das actividades envolvidas no MILMESA, as quais são catalogadas em regime de preferência (1ª escolha), verificou-se que existe uma homogeneidade significativa. Das 10 actividades eleitas como padrão para a escolha dos inquiridos, nenhuma é grandemente diferente das restantes, portanto podemos concluir que as propostas são homogéneas e bem sustentadas em termos de consecução e objectivos a atingir. Senão vejamos, a actividade mais votada (Esculturas de Músicos de Rua em tamanho real) teve 12,9% (45) e as piores votações (Musical “Cantador da Bila” e o Congresso “Expressão Musical na Infância) obtiveram 6,6% (23), ou seja, num espectro de 350 inquiridos, nenhum destes resultados é significativamente diferente.

          g) A catalogação das actividades em diferentes áreas poderá constituir um bom indicador para a nossa acção lectiva, dado que entre as várias possibilidades a preferência demonstrada pelos inquiridos, centrou-se substancialmente na caracterização das actividades sob as seguintes formas: 1) As preferidas - Expressão Musical 29,7% (104) e Actividades Interdisciplinares 22% (77), 2) As menos preferidas – Artes e geral 3,4% (12) e Expressão Motora 1,7% (6). No fundo este retrato estatístico responde à necessidade de haver interdisciplinaridade efectiva nas práticas lectivas, quando a questão é tratar da expressão musical no ensino.

          h) Globalmente as PM’s que sustentam o MILMESA, são inequivocamente consideradas pelos discentes (287 em 350) como importantes para o seu futuro profissional (82%), quer no domínio educacional, quer no domínio artístico, enquanto futuros professores, educadores ou actores.

          i) A aplicação do MILMESA a outras realidades educativas é bastante considerado como significativo pelos inquiridos 56% (196) o que pode demonstrar que este método vingará no seio da educação e em várias etapas do saber e do ensinar (nomeadamente nos ciclos de ensino em que os inquiridos no futuro vão trabalhar), se bem que adaptado conforme as realidades existentes.

          j) As PM’s do MILMESA desenvolvem, segundo os inquiridos, as seguintes capacidades conforme a opinião dos discentes dos cursos onde é ministrado: 1) Auto-Estima (mais na opinião dos discentes de Educação de Infância; 2) Capacidades artísticas e corporais (mais na opinião dos discentes de Professores do 1º Ciclo; 3) Sociabilidade (mais nos discentes de Teatro e Artes Performativas. Em geral a sua distribuição é a seguinte: Auto-estima 47,1% (165); Artísticas e Corporais 27,7% (97); Criatividade e Inovação 12,0% (42) e Sociabilidade 10,0% (35).

          l) A transmissão de significados ou conteúdos através do jogo será, a julgar pelos resultados, um instrumento de combate a um ensino actual com estas características: 1) Muito expositivo 37,7 (132); 2) Pouco Saber-Fazer 17,7% (62); 3) Pouco interesse actual pelo tema jogo 15,1% (53); 4) Muita teoria e pouca prática 11,1% (39); 5) Fraca preparação docente nesta temática 9,7% (34); 6) Pouco uso do brincar no ensino superior 8% (28).

          Na opinião dos inquiridos, o MILMESA representa uma séria mais-valia educacional 95,1% (333), ou seja é grandemente considerado como um complemento activo à leccionação das artes no ensino, ou seja, um instrumento de valor acrescido na educação.

            As alterações a serem feitas às PM’s seriam as seguintes, em conformidade com os inquiridos dos respectivos cursos: 1) Conteúdos mais infantilizados (Prof. 1º Ciclo); 2) Actividades com menor duração temporal e conteúdos programáticos mais ligados à formação do adulto (Ed. Infância); 3) Outras alterações (T.A.P.). Nas alterações às disciplinas, esmagadoramente está patente um desejo dos inquiridos e respectivos cursos que, estas estivessem mais relacionadas com a prática pedagógica. Como alteração principal a fazer-se ao MILMESA propriamente dito, os inquiridos propõem uma maior ligação deste método ao Estágio Pedagógico dos respectivos cursos em estudo, ou seja, que as actividades do MILMESA estivessem mais integradas nos dois últimos anos lectivos das licenciaturas (3º e 4º) contrariamente à distribuição actual (1º e 3º).

         Para concluir, podemos comparar este método a um prato ou a uma iguaria típica, ou seja, o MILMESA é tal e qual o Bacalhau com todos, sendo que o bacalhau é a expressão musical e os todos são aqueles que se quiserem juntar a este mar de soluções neste manjar infinitamente grande que é a educação.


[1] Título da tese defendida em 09/02/06 na Faculdade de Educação da Universidade de Salamanca na área de Estudos Musicais: “Proposta e Avaliação de um Método Interdisciplinar de literacia Musical, Educação e Sensibilização Artística”. Júri (efectivo): Joaquín Carrasco (USAL); Olarte Martinez (USAL); Carlos Cardoso (UTAD); Angela Barrón Ruíz (USAL); Luís Canotilho (IPB) – Suplentes: Javier Garbayo Montabes (USC), Joaquim Escola (UTAD), José Leitão (UTAD) e Jorge Rolla (IPP). Classificação: Sobressaliente com laúde.

[2] Algumas delas, foram realizadas em colaboração com alunos de outras instituições de ensino não superior. O caso da proposta 5.1 Painéis Gigantes baseados em temáticas musicais (colaboração de reclusos e alunos da UTAD) e a propostas 5.12 Pintar Quem Não se Conhece da Escola Diogo Cão (alunos do 5º ano de Escolaridade).

[3] Esta disciplina de Metodologia das Expressões é leccionada em quatro módulos, sendo que três dos acima referenciados são leccionados pelo autor deste artigo.

[4] Esquema espanhol de ensino das artes. Por exemplo: Departamento de Didáctica de la Expresión Musical, Plástica e y Corporal.

[5] Momentos de intervenção e avaliação de dados; Modelo de Observação / recolha de dados; População / Amostra; Contacto com a população objecto de pesquisa; No contexto da sala de aula; Variáveis de Investigação; Contactos com o meio; Cumprimento dos programas e Inquéritos.